Há muitas críticas no que concerne ao diagnóstico psiquiátrico, alguns
consideram sem valor, devido à singularidade dos indivíduos (realidade única e
inclassificável), outros afirmam que serve apenas para rotular pessoas
diferentes. Contudo, sem um diagnóstico psicopatológico apropriado não se pode
compreender o paciente e seu sofrimento e, consequentemente, não se pode
escolher a estratégia terapêutica mais adequada, o diagnóstico está muito além
de “rotular” um paciente.
O diagnóstico não pode ser feito através de mecanismos causais supostos pelo
entrevistador e, sim, através da observação de sinais e sintomas apresentados
pelo paciente no momento da entrevista. Esse tipo de diagnóstico mais confunde
do que esclarece, um mesmo sintoma pode fazer parte diversos quadros clínicos,
o entrevistador ao tomar uma “decisão” dessa forma, está se induzindo ao erro. É
necessário manter duas linhas de raciocínio: a descrição evolutiva e atual dos
sintomas e a etiologia, que busca dados psicológicos, biológicos e sociais. Em psicopatologia,
o diagnóstico só é possível com a observação do curso da doença, diferentemente
das outras áreas da medicina em que o diagnóstico é feito e um prognóstico é estabelecido,
muitas vezes na psicopatologia é preciso mudar de via e reformular o diagnóstico
inicial, ao observar a evolução do caso. O diagnóstico psiquiátrico deve ser
pluridimensional, identifica-se os transtornos, avalia-se as condições físicas
e possíveis comorbidades, avalia-se a personalidade, o nível intelectual, a
rede de apoio e os fatores ambientais desencadeantes e protetores (numa
linguagem comportamental, as contingências).
A confiabilidade (reprodutível) do diagnóstico depende da
possibilidade daquele diagnóstico ser o mesmo, a partir de diferentes técnicas,
com examinadores distintos ou em diferentes momentos. A validade (o mais próximo possível
da “verdade” diagnóstica) concerne à capacidade de conseguir captar,
identificar ou medir aquilo que realmente se propõe. É necessário, então, se
utilizar de meios e técnicas bem aceitas e reconhecidas. A Sensibilidade diz respeito
à identificação de casos verdadeiros e a especificidade a identificação de
verdadeiros não-casos. O ideal é que o diagnóstico possua todas essas
características.